Episódio 4 –
ACERTO DE CONTAS
25 de
Dezembro de 2015 – 08:45 – manhã
O
episódio final começa com um corpo, ainda não identificado, sendo ensacado por
peritos do IML. A cena se passa fora da mansão. Em seguida a detetive Lúcia
caminha com a mão sobre um ferimento de bala, ainda sangrando. Fontes está
deitado em uma maca com os olhos fechados. Alguns paramédicos cuidam dele.
Dentro da mansão, vemos as coisas jogadas pelo chão, sangue e estilhaços de
vidros. Leila ao lado dos policiais Ferreira e Souza. Ambos estão anotando
algo. Danilo abraçado com Eloísa. Edgar e Caíque ao lado de Leinha, que enxuga
as lágrimas do rosto. Helena fumando um cigarro. Demétrio arrumando uma mala.
Berenice olhando a foto dos três filhos, no seu quarto.
Duas horas
antes...
Depois
das reviravoltas, dos segredos revelados, e do fato de ter um assassino a solta
nos arredores da mansão, Fontes e Lúcia reuniram todos, os que estavam na
mansão, na sala principal. Exceção dos primos, Caíque, Edgar, Eloísa, Leinha e
Danilo, que estavam sob a mira do revólver de Teobaldo.
- Um assassino? Aqui dentro? – Pergunta
Berenice.
- Assassinou um dos seguranças na
entrada. – Fala Lúcia.
- Certamente deve ser o mesmo que
assassinou o meu irmão. – Diz Magda.
- Talvez. – Fala Fontes.
Mara,
mulher do deputado Pablo, se aproxima dele.
- Precisamos conversar sobre o que
aconteceu.
- Não. Não precisamos conversar
nada. Depois daqui eu te falo o que decidi.
Pablo
se afasta. Castro olha para ela e em seguida segue o deputado para outro lado
da mansão.
De
repente vemos Caíque, Edgar, Eloísa e Danilo descendo a escada. Logo atrás,
Leinha vem sendo mantida sob a mira da arma de Teobaldo. Pânico total. Helena
se desespera ao ver a filha como refém.
- Largue a arma! – Fala Fontes
apontando o revólver para Teobaldo.
- Eu acho melhor você abaixar a sua,
ou a mocinha aqui vai pro andar de cima. – Fala Teobaldo.
- Pelo amor de Deus, largue sua arma
ou ele vai matar minha filha. – roga Helena para Fontes.
Fontes
olha para Lúcia, que faz sinal para ele largar, pois ela tem a arma dela, e vai
aguardar a hora certa para agir. Fontes joga o revólver no chão e se afasta,
com as mãos para o alto.
- Ótimo! Agora vamos todos se
sentar.
Todos
os presentes na sala se acomodam como podem. Teobaldo continua com a arma em
Leinha, que está em pânico.
- A grande família Abrazacks. Dona
de um império da aviação. Prestígio e riqueza. Tudo isso servindo de máscara
para as atrocidades e injustiças que cometem com os que não tem o mesmo
prestígio social. – Fala Teobaldo.
- Olha rapaz, - fala Demétrio - se o
que você quer é dinheiro...
- Dinheiro? Dinheiro e dinheiro...
Para vocês tudo é dinheiro... Só porque entrei aqui com uma arma vocês já acham
que eu vim atrás de dinheiro.
- E veio atrás de quê? – Pergunta
Berenice.
Teobaldo
atira Leinha no chão e aponta sua arma para Berenice.
- A grande matriarca. Acho que vou
começar por você.
Lúcia
olha para Fontes, que faz sinal para ela aguardar mais um pouco. Leinha corre e
abraça Helena.
- Quer mesmo saber o motivo que me
trouxe até a aqui. – pergunta Teobaldo – Eu vou lhes contar.
Há
uma certa tensão nesse momento. Algo estava para vir e os efeitos poderiam ser
devastadores.
Vamos voltar ao ano de 1988... O ano
em que a Abrazacks Airline despontou no cenário econômico. Uma conquista
inédita para a história da aviação brasileira. Um homem foi responsável por
essa alavancagem: Frederico Pontes Serra.
Ele era o diretor geral da empresa.
Naquele ano a Abrazacks faturou muito dinheiro, e quando se ganha muito
dinheiro, é como uma carniça: os urubus caem em cima. Começaram muitos desvios
de recursos para o exterior. As contas começaram a se perder. Uma auditoria
interna foi realizada e os desvios logo vieram a tona. Mas como sempre, alguém
tem que pagar no lugar dos verdadeiros culpados. Frederico foi acusado de ser o
mentor chefe do esquema de desvio e foi processado, demitido e teve sua vida
arruinada do dia para a noite.
Não suportando viver com os dedos
acusadores apontados para ele em todos os veículos de comunicação, ele acabou
cometendo suicídio. Deu um tiro na boca. Foi encontrado pelo seu filho dentro
do banheiro, quando chegou da escola.
Esse filho era eu... Vi meu pai ser
consumido pela sujeira dos Abrazacks e jurei que um dia vingaria sua dor.
- Vingança? Então é isso. Veio até
aqui matar minha família por causa do seu pai? – Pergunta Berenice.
- Exatamente! – Afirma Teobaldo.
- E matou o meu filho primeiro.
Teobaldo
reflete um momento e fixa os olhos em Berenice.
- Infelizmente alguém fez isso por
mim.
- E você sabe que foi? – rebate
Fontes, interessado.
- Calminha aí policial. Eu vou
contar tudo. A família Abrazacks fez um pacto com o diabo e nem desconfiou.
- Do que você está falando? –
Pergunta Berenice.
Então
Teobaldo lembra...
Há cinco dias atrás eu estava no
presídio de segurança máxima. Claro, fui colocado lá por Rodolfo Abrazacks.
Eles havia descoberto minhas intenções de vingança e arrumou um meio de me
deter.
Nesse dia eu recebi uma visita
inesperada. Uma mulher. Elegante, logo vi que era rica. Essa mulher me fez uma
proposta tentadora. Ela tinha um desafeto e queria muito se livrar dele. Quando
ela revelou o nome do desafeto, senti um gosto amargo na minha boca. Brilhou a
oportunidade de ouro que eu tanto esperei. Ela queria que eu assassinasse
Rodolfo Abrazacks, em troca de muito dinheiro, um passaporte falso e uma vida longe
daqui. Eu aceitei, é claro.
- Mas e quem era essa mulher?
Pergunta Fontes.
Essa mulher era desconhecida para mim
até então. Mas não demorou muito para que eu descobrisse o nome dela. Ela
realmente tinha influência. Arrumou todo o esquema de fuga e eu me vi livre.
Uma vez fora do presídio eu logo pensei em fugir do país sem executar o plano
da madame. Foi quando ela me procurou de novo e eu disse que não faria mais o
serviço. Ela ficou furiosa é claro. Mas me deu uma cópia da chave que abre o
portão principal da casa. Disse que teria uma oportunidade única de me vingar
na noite da ceia de natal da família.
A tentação foi grande. Foi aí que
brilhou a idéia. Uma vez dentro da mansão Abrazacks eu mataria não só Rodolfo,
mas toda a família.
Foi quando cheguei aqui. Entrei na
mansão e caminhei em direção a entrada da casa, até que vi dois homens entrando
em um anexo do outro lado do jardim. Conheci Rodolfo de longe. Fui atrás, pois
imaginei a oportunidade perfeita de matar ele. Esperei alguns minutos para ver
se ele saia. Como não saiu, resolvi entrar no anexo e consegui ver o momento
exato em que a mesma mulher que havia me contratado, desferia golpes no corpo
de Rodolfo. Quando acabou, ela saiu, deixando seu o mesmo homem que eu havia
visto com Rodolfo minutos antes, para cuidar da cena do crime.
- Então foi uma mulher que matou?
Mas e quem é ela? – Pergunta Fontes, já impaciente.
Antes
de falar o nome da assassina, Tebaldo leva um tiro na cabeça. Todos se
assustam. Ele cai no chão já em estado de óbito. Todo se viram e vêem Magda com
um revólver nas mãos. Ela mira em Fontes e atira, acertando o lado esquerdo de
sua barriga. Todos se protegem. Lúcia de imediato reage e atira contra Magda,
mas não sem antes ser atingida de raspão no braço por outro disparo realizado
pela assassina.
Magda,
ao ser baleada, cai no chão no mesmo instante. Ali acabava o mistério.
25 de
Dezembro de 2015 – 08:45 – manhã
Lúcia
caminha até a ambulância em que Fontes estava sendo atendido. Ele abre os
olhos.
- Não foi dessa vez detetive. – Fala
ele sorrindo para Lúcia.
- Certamente, delegado.
- E a assassina?
Lúcia
olha para o corpo sendo ensacado pelos peritos do IML.
- Está sendo recolhido, junto com o
do atirador.
- Então fechamos o caso.
- Certamente. Magda e seu comparsa
tramaram tudo.
- E onde está o comparsa dela?
- Ali.
Magda
aponta para Sérgio sendo levado algemado por Souza para dentro do carro da
polícia.
- Depois dessa acho que vou precisar
de um descanso.
- Também concordo! – Lúcia sorri
para Fontes.
. . . . . . .
Berenice,
em seu quarto, olha a foto dos três filhos abraçados. Calista entra no quarto.
- A senhora deseja alguma coisa?
- Ah, Calista. O que eu realmente
desejo é impossível de ser adquirido. Eu queria poder voltar atrás e mudar tudo
isso. – Berenice coloca a foto sobre a cômoda ao lado da cama – Mas eu não
posso. Falhei como mãe. Não consegui dar amor aos meus filhos e os condenei a
este fim trágico.
- Não se culpe desta forma. Às vezes
certas coisas acontecem porque tinham que ser desta forma.
- Você realmente acredita nisso?
Magda
dá um abraço em Berenice e depois segura em suas mãos.
- Eu acredito que nenhuma folha cai de
uma árvore sem que o criador assim permita. Agora procure descansar. Deixa que
eu cuido d tudo.
- Obrigada, Calista. Você é uma
grande amiga.
Ambas
sorriem uma para a outra. Calista se retira do quarto e Berenice deita na cama.
. . . . . . . . .
Leila
estava terminando de se arrumar. Roupa preta, de luto pelo marido. Demétrio
entra no quarto de surpresa.
- Demétrio? Esqueceu de bater na
porta antes de entrar?
- Perdão. A porta estava aberta. Mas
serei breve.
- Ótimo. Então diga.
- Depois de tudo isso que aconteceu
certamente o conselho vai se reunir essa semana. Vão indicar o sucessor na
presidência da empresa. Como meus dois irmãos estão mortos, certamente eu
assumirei. Só preciso saber se terei seu apoio.
Leila
fixa os olhos em Demétrio e abre um sorriso.
- O meu marido foi assassinado a
menos de vinte e quatro horas. Sua irmã morreu em menos de três horas, e você
vem falar sobre a empresa. Definitivamente estou surpreso com o final dessa
história.
- Os negócios não têm hora, minha
cara. O futuro da Abrazacks depende mais do que nunca de um líder. Eu serei
esse líder.
- Então se farte dessa liderança e
pare de me amolar com essa conversa de doente. Sai do meu quarto.
Demétrio
assente com a cabeça e se retira.
. . . . . . . .
O
velório de Rodolfo e Magda ocorreu um dia depois dos assassinatos. Familiares e
amigos se fizeram presentes. Pouco tempo depois, por unanimidade, Demétrio
tomou posse da presidência da empresa Abrazacks.
A
mansão da família foi vendida e Berenice se mudou para Londres, a fim de
esquecer todo o horror vivido naquela trágica noite de Natal. Calista
acompanhou sua patroa.
Leila
assumiu seu envolvimento com Gonzales, o médico da família e mesmo a contra
gosto dos filhos, Edgar e Eloísa, ela teve o apoio de Caíque, que ainda continuou
com a idéia de localizar seus verdadeiros pais.
A
jornalista Vivian Pedroso, escreveu os relatos ocorridos na noite dos crimes da
mansão e publicou um livro que se tornou famoso mundialmente. Foi processada
por Demétrio, mas obteve vitória na última instância.
O
deputado Pablo Benfica, utilizou a tragédia da mansão Abrazacks para se
promover politicamente. Abandonou sua mulher Mara na rua da amargura e começou
a se relacionar secretamente com Leinha, filha de Demétrio.
. . . . . . . .
03 de Março
de 2016 – 09:35 – manhã
Presídio
de segurança máxima do Rio de Janeiro. Em meio aos detentos, um policial
caminha até uma cela e avisa para Sérgio que ele tem uma visita. Ele, surpreso
com a notícia, logo se encaminha para a salinha reservada. Ao entrar na sala,
se depara com Helena.
- Você! – Diz Sérgio, surpreso.
- Como vai Sérgio?
- O que está fazendo aqui?
Helena
faz sinal para ele se sentar na cadeira. Sérgio senta.
- Vim ver como você estava. Queria
saber como está lidando com tudo isso. Deve ser difícil decair tanto assim.
Para quem estava acostumado com a vida regada a luxo de Moscou, isso aqui deve
ser um inferno.
- Sem joguinhos. Eu não acredito em
nada do que falam de mim. Eu não fui cúmplice da Magda no assassinato do seu
irmão e muito menos acredito que ela tenha feito isso. Ela atirou naquele
maníaco naquela noite porque se sentiu ameaçada.
- Pobrezinho. Ainda acredita na
áurea de anjo da minha ex-cunhada, que Deus a tenha.
Helena
se levanta e caminha até Sérgio, abaixando-se até o ouvido dele.
- Boa sorte querido. E seja mais
esperto aqui dentro.
Helena
se dirige até a saída e o guarda abre a porta da sala.
- Espera! – Fala Sérgio para Helena.
Helena
se vira pra ele.
- Não foi a Magda! Meu Deus... foi
você!
Helena
abre um sorriso e coloca o óculos no rosto. Em seguida ela sai da sala.
- Ela matou o Demétrio. Foi ela.
Sérgio
fica repetindo essas frase por um longo tempo.
. . . . . . . . .
Fora
do presídio, Helena entra em seu carro e coloca as mãos no volante... Em
seguida ela abre um sorriso e liga o carro.
25 de
Dezembro de 2015 – 00:15 – noite
Rodolfo
caminha acompanhado de Brito (segurança que foi encontrado morto no episódio
três). Eles entram na casa da piscina.
- Tem certeza de que era mesmo o
Teobaldo? – Pergunta Rodolfo.
- Sim senhor! Ele estava rondando
por aqui. – Fala Brito.
De
repente Rodolfo recebe um golpe na cabeça e cai no chão. Helena surge com um
taco nas mãos.
- Tire as roupas dele e o amarre na
cadeira.
Minutos
depois, Rodolfo acorda com uma salpicada de água em seu rosto. Helena está a
sua frente.
- Helena? O que está acontecendo
aqui?
- Bem vindo ao seu inferno,
cunhadinho.
- Mas por quê?
Helena
abre um sorriso.
- E você ainda me pergunta? Seu
tirano miserável. O controle da Abrazacks tem que ser do meu marido. Eu cansei
de ver suas humilhações para com ele. É injusto.
- Você não vai sair livre dessa.
- Isso é o que você pensa.
Helena
coloca a mordaça na boca de Rodolfo e começa a golpear ele, que se recontorse
de dor a cada punhalada.
Após
ter certeza da morte dele, Helena limpa o punhal com um lenço coloca tudo
dentro da bolsa.
- Agora se livre do corpo e limpe
tudo. Vou me certificar de que ninguém entre aqui até você acabar.
- Pode deixar, senhora. – Fala
Brito.
Helena
cospe em Rodolfo e depois sai. Brito fica olhando o corpo de Rodolfo e ouve um
barulho. Ele saca a arma e vai checar o que aconteceu.
- Quem está aí? Helena?
Era
Teobaldo, que assistira a tudo escondido. Antes de Brito chegar até ele,
Teobaldo o surpreende e atira em sua testa. Brito cai no chão. Teobaldo pega o
revólver dele e depois arrasta seu corpo para outro local.
Minutos
depois, Mariana, empregada da mansão, entra na casa da piscina com algumas
toalhas. Depois de guardá-las em um armário, a mulher se assusta ao deparar com
a cena do assassinato.
FIM
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