sábado, 19 de dezembro de 2015

Episódio 4: Encontro Marcado (ÚLTIMO)

Episódio 4 – ACERTO DE CONTAS

25 de Dezembro de 2015 – 08:45 – manhã
O episódio final começa com um corpo, ainda não identificado, sendo ensacado por peritos do IML. A cena se passa fora da mansão. Em seguida a detetive Lúcia caminha com a mão sobre um ferimento de bala, ainda sangrando. Fontes está deitado em uma maca com os olhos fechados. Alguns paramédicos cuidam dele. Dentro da mansão, vemos as coisas jogadas pelo chão, sangue e estilhaços de vidros. Leila ao lado dos policiais Ferreira e Souza. Ambos estão anotando algo. Danilo abraçado com Eloísa. Edgar e Caíque ao lado de Leinha, que enxuga as lágrimas do rosto. Helena fumando um cigarro. Demétrio arrumando uma mala. Berenice olhando a foto dos três filhos, no seu quarto.

Duas horas antes...
Depois das reviravoltas, dos segredos revelados, e do fato de ter um assassino a solta nos arredores da mansão, Fontes e Lúcia reuniram todos, os que estavam na mansão, na sala principal. Exceção dos primos, Caíque, Edgar, Eloísa, Leinha e Danilo, que estavam sob a mira do revólver de Teobaldo.
            - Um assassino? Aqui dentro? – Pergunta Berenice.
            - Assassinou um dos seguranças na entrada. – Fala Lúcia.
            - Certamente deve ser o mesmo que assassinou o meu irmão. – Diz Magda.
            - Talvez. – Fala Fontes.
Mara, mulher do deputado Pablo, se aproxima dele.
            - Precisamos conversar sobre o que aconteceu.
            - Não. Não precisamos conversar nada. Depois daqui eu te falo o que decidi.
Pablo se afasta. Castro olha para ela e em seguida segue o deputado para outro lado da mansão.
De repente vemos Caíque, Edgar, Eloísa e Danilo descendo a escada. Logo atrás, Leinha vem sendo mantida sob a mira da arma de Teobaldo. Pânico total. Helena se desespera ao ver a filha como refém.
            - Largue a arma! – Fala Fontes apontando o revólver para Teobaldo.
            - Eu acho melhor você abaixar a sua, ou a mocinha aqui vai pro andar de cima. – Fala Teobaldo.
            - Pelo amor de Deus, largue sua arma ou ele vai matar minha filha. – roga Helena para Fontes.
Fontes olha para Lúcia, que faz sinal para ele largar, pois ela tem a arma dela, e vai aguardar a hora certa para agir. Fontes joga o revólver no chão e se afasta, com as mãos para o alto.
            - Ótimo! Agora vamos todos se sentar.
Todos os presentes na sala se acomodam como podem. Teobaldo continua com a arma em Leinha, que está em pânico.
            - A grande família Abrazacks. Dona de um império da aviação. Prestígio e riqueza. Tudo isso servindo de máscara para as atrocidades e injustiças que cometem com os que não tem o mesmo prestígio social. – Fala Teobaldo.
            - Olha rapaz, - fala Demétrio - se o que você quer é dinheiro...
            - Dinheiro? Dinheiro e dinheiro... Para vocês tudo é dinheiro... Só porque entrei aqui com uma arma vocês já acham que eu vim atrás de dinheiro.
            - E veio atrás de quê? – Pergunta Berenice.
Teobaldo atira Leinha no chão e aponta sua arma para Berenice.
            - A grande matriarca. Acho que vou começar por você.
Lúcia olha para Fontes, que faz sinal para ela aguardar mais um pouco. Leinha corre e abraça Helena.
            - Quer mesmo saber o motivo que me trouxe até a aqui. – pergunta Teobaldo – Eu vou lhes contar.
Há uma certa tensão nesse momento. Algo estava para vir e os efeitos poderiam ser devastadores.

Vamos voltar ao ano de 1988... O ano em que a Abrazacks Airline despontou no cenário econômico. Uma conquista inédita para a história da aviação brasileira. Um homem foi responsável por essa alavancagem: Frederico Pontes Serra.
Ele era o diretor geral da empresa. Naquele ano a Abrazacks faturou muito dinheiro, e quando se ganha muito dinheiro, é como uma carniça: os urubus caem em cima. Começaram muitos desvios de recursos para o exterior. As contas começaram a se perder. Uma auditoria interna foi realizada e os desvios logo vieram a tona. Mas como sempre, alguém tem que pagar no lugar dos verdadeiros culpados. Frederico foi acusado de ser o mentor chefe do esquema de desvio e foi processado, demitido e teve sua vida arruinada do dia para a noite.
Não suportando viver com os dedos acusadores apontados para ele em todos os veículos de comunicação, ele acabou cometendo suicídio. Deu um tiro na boca. Foi encontrado pelo seu filho dentro do banheiro, quando chegou da escola.
Esse filho era eu... Vi meu pai ser consumido pela sujeira dos Abrazacks e jurei que um dia vingaria sua dor.

            - Vingança? Então é isso. Veio até aqui matar minha família por causa do seu pai? – Pergunta Berenice.
            - Exatamente! – Afirma Teobaldo.
            - E matou o meu filho primeiro.
Teobaldo reflete um momento e fixa os olhos em Berenice.
            - Infelizmente alguém fez isso por mim.
            - E você sabe que foi? – rebate Fontes, interessado.
            - Calminha aí policial. Eu vou contar tudo. A família Abrazacks fez um pacto com o diabo e nem desconfiou.
            - Do que você está falando? – Pergunta Berenice.
Então Teobaldo lembra...

Há cinco dias atrás eu estava no presídio de segurança máxima. Claro, fui colocado lá por Rodolfo Abrazacks. Eles havia descoberto minhas intenções de vingança e arrumou um meio de me deter.
Nesse dia eu recebi uma visita inesperada. Uma mulher. Elegante, logo vi que era rica. Essa mulher me fez uma proposta tentadora. Ela tinha um desafeto e queria muito se livrar dele. Quando ela revelou o nome do desafeto, senti um gosto amargo na minha boca. Brilhou a oportunidade de ouro que eu tanto esperei. Ela queria que eu assassinasse Rodolfo Abrazacks, em troca de muito dinheiro, um passaporte falso e uma vida longe daqui. Eu aceitei, é claro.

            - Mas e quem era essa mulher? Pergunta Fontes.

Essa mulher era desconhecida para mim até então. Mas não demorou muito para que eu descobrisse o nome dela. Ela realmente tinha influência. Arrumou todo o esquema de fuga e eu me vi livre. Uma vez fora do presídio eu logo pensei em fugir do país sem executar o plano da madame. Foi quando ela me procurou de novo e eu disse que não faria mais o serviço. Ela ficou furiosa é claro. Mas me deu uma cópia da chave que abre o portão principal da casa. Disse que teria uma oportunidade única de me vingar na noite da ceia de natal da família.
A tentação foi grande. Foi aí que brilhou a idéia. Uma vez dentro da mansão Abrazacks eu mataria não só Rodolfo, mas toda a família.
Foi quando cheguei aqui. Entrei na mansão e caminhei em direção a entrada da casa, até que vi dois homens entrando em um anexo do outro lado do jardim. Conheci Rodolfo de longe. Fui atrás, pois imaginei a oportunidade perfeita de matar ele. Esperei alguns minutos para ver se ele saia. Como não saiu, resolvi entrar no anexo e consegui ver o momento exato em que a mesma mulher que havia me contratado, desferia golpes no corpo de Rodolfo. Quando acabou, ela saiu, deixando seu o mesmo homem que eu havia visto com Rodolfo minutos antes, para cuidar da cena do crime.

            - Então foi uma mulher que matou? Mas e quem é ela? – Pergunta Fontes, já impaciente.
Antes de falar o nome da assassina, Tebaldo leva um tiro na cabeça. Todos se assustam. Ele cai no chão já em estado de óbito. Todo se viram e vêem Magda com um revólver nas mãos. Ela mira em Fontes e atira, acertando o lado esquerdo de sua barriga. Todos se protegem. Lúcia de imediato reage e atira contra Magda, mas não sem antes ser atingida de raspão no braço por outro disparo realizado pela assassina.
Magda, ao ser baleada, cai no chão no mesmo instante. Ali acabava o mistério.

25 de Dezembro de 2015 – 08:45 – manhã
Lúcia caminha até a ambulância em que Fontes estava sendo atendido. Ele abre os olhos.
            - Não foi dessa vez detetive. – Fala ele sorrindo para Lúcia.
            - Certamente, delegado.
            - E a assassina?
Lúcia olha para o corpo sendo ensacado pelos peritos do IML.
            - Está sendo recolhido, junto com o do atirador.
            - Então fechamos o caso.
            - Certamente. Magda e seu comparsa tramaram tudo.
            - E onde está o comparsa dela?
            - Ali.
Magda aponta para Sérgio sendo levado algemado por Souza para dentro do carro da polícia.
            - Depois dessa acho que vou precisar de um descanso.
            - Também concordo! – Lúcia sorri para Fontes.

. . . . . . .
Berenice, em seu quarto, olha a foto dos três filhos abraçados. Calista entra no quarto.
            - A senhora deseja alguma coisa?
            - Ah, Calista. O que eu realmente desejo é impossível de ser adquirido. Eu queria poder voltar atrás e mudar tudo isso. – Berenice coloca a foto sobre a cômoda ao lado da cama – Mas eu não posso. Falhei como mãe. Não consegui dar amor aos meus filhos e os condenei a este fim trágico.
            - Não se culpe desta forma. Às vezes certas coisas acontecem porque tinham que ser desta forma.
            - Você realmente acredita nisso?
Magda dá um abraço em Berenice e depois segura em suas mãos.
            - Eu acredito que nenhuma folha cai de uma árvore sem que o criador assim permita. Agora procure descansar. Deixa que eu cuido d tudo.
            - Obrigada, Calista. Você é uma grande amiga.
Ambas sorriem uma para a outra. Calista se retira do quarto e Berenice deita na cama.
. . . . . . . . .
Leila estava terminando de se arrumar. Roupa preta, de luto pelo marido. Demétrio entra no quarto de surpresa.
            - Demétrio? Esqueceu de bater na porta antes de entrar?
            - Perdão. A porta estava aberta. Mas serei breve.
            - Ótimo. Então diga.
            - Depois de tudo isso que aconteceu certamente o conselho vai se reunir essa semana. Vão indicar o sucessor na presidência da empresa. Como meus dois irmãos estão mortos, certamente eu assumirei. Só preciso saber se terei seu apoio.
Leila fixa os olhos em Demétrio e abre um sorriso.
            - O meu marido foi assassinado a menos de vinte e quatro horas. Sua irmã morreu em menos de três horas, e você vem falar sobre a empresa. Definitivamente estou surpreso com o final dessa história.
            - Os negócios não têm hora, minha cara. O futuro da Abrazacks depende mais do que nunca de um líder. Eu serei esse líder.
            - Então se farte dessa liderança e pare de me amolar com essa conversa de doente. Sai do meu quarto.
Demétrio assente com a cabeça e se retira.
. . . . . . . .

O velório de Rodolfo e Magda ocorreu um dia depois dos assassinatos. Familiares e amigos se fizeram presentes. Pouco tempo depois, por unanimidade, Demétrio tomou posse da presidência da empresa Abrazacks.
A mansão da família foi vendida e Berenice se mudou para Londres, a fim de esquecer todo o horror vivido naquela trágica noite de Natal. Calista acompanhou sua patroa.
Leila assumiu seu envolvimento com Gonzales, o médico da família e mesmo a contra gosto dos filhos, Edgar e Eloísa, ela teve o apoio de Caíque, que ainda continuou com a idéia de localizar seus verdadeiros pais.
A jornalista Vivian Pedroso, escreveu os relatos ocorridos na noite dos crimes da mansão e publicou um livro que se tornou famoso mundialmente. Foi processada por Demétrio, mas obteve vitória na última instância.
O deputado Pablo Benfica, utilizou a tragédia da mansão Abrazacks para se promover politicamente. Abandonou sua mulher Mara na rua da amargura e começou a se relacionar secretamente com Leinha, filha de Demétrio.

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03 de Março de 2016 – 09:35 – manhã
Presídio de segurança máxima do Rio de Janeiro. Em meio aos detentos, um policial caminha até uma cela e avisa para Sérgio que ele tem uma visita. Ele, surpreso com a notícia, logo se encaminha para a salinha reservada. Ao entrar na sala, se depara com Helena.
            - Você! – Diz Sérgio, surpreso.
            - Como vai Sérgio?
            - O que está fazendo aqui?
Helena faz sinal para ele se sentar na cadeira. Sérgio senta.
            - Vim ver como você estava. Queria saber como está lidando com tudo isso. Deve ser difícil decair tanto assim. Para quem estava acostumado com a vida regada a luxo de Moscou, isso aqui deve ser um inferno.
            - Sem joguinhos. Eu não acredito em nada do que falam de mim. Eu não fui cúmplice da Magda no assassinato do seu irmão e muito menos acredito que ela tenha feito isso. Ela atirou naquele maníaco naquela noite porque se sentiu ameaçada.
            - Pobrezinho. Ainda acredita na áurea de anjo da minha ex-cunhada, que Deus a tenha.
Helena se levanta e caminha até Sérgio, abaixando-se até o ouvido dele.
            - Boa sorte querido. E seja mais esperto aqui dentro.
Helena se dirige até a saída e o guarda abre a porta da sala.
            - Espera! – Fala Sérgio para Helena.
Helena se vira pra ele.
            - Não foi a Magda! Meu Deus... foi você!
Helena abre um sorriso e coloca o óculos no rosto. Em seguida ela sai da sala.
            - Ela matou o Demétrio. Foi ela.
Sérgio fica repetindo essas frase por um longo tempo.
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Fora do presídio, Helena entra em seu carro e coloca as mãos no volante... Em seguida ela abre um sorriso e liga o carro.

25 de Dezembro de 2015 – 00:15 – noite
Rodolfo caminha acompanhado de Brito (segurança que foi encontrado morto no episódio três). Eles entram na casa da piscina.
            - Tem certeza de que era mesmo o Teobaldo? – Pergunta Rodolfo.
            - Sim senhor! Ele estava rondando por aqui. – Fala Brito.
De repente Rodolfo recebe um golpe na cabeça e cai no chão. Helena surge com um taco nas mãos.
            - Tire as roupas dele e o amarre na cadeira.
Minutos depois, Rodolfo acorda com uma salpicada de água em seu rosto. Helena está a sua frente.
            - Helena? O que está acontecendo aqui?
            - Bem vindo ao seu inferno, cunhadinho.
            - Mas por quê?
Helena abre um sorriso.
            - E você ainda me pergunta? Seu tirano miserável. O controle da Abrazacks tem que ser do meu marido. Eu cansei de ver suas humilhações para com ele. É injusto.  
            - Você não vai sair livre dessa.
            - Isso é o que você pensa.
Helena coloca a mordaça na boca de Rodolfo e começa a golpear ele, que se recontorse de dor a cada punhalada.
Após ter certeza da morte dele, Helena limpa o punhal com um lenço coloca tudo dentro da bolsa.
            - Agora se livre do corpo e limpe tudo. Vou me certificar de que ninguém entre aqui até você acabar.
            - Pode deixar, senhora. – Fala Brito.
Helena cospe em Rodolfo e depois sai. Brito fica olhando o corpo de Rodolfo e ouve um barulho. Ele saca a arma e vai checar o que aconteceu.
            - Quem está aí? Helena?
Era Teobaldo, que assistira a tudo escondido. Antes de Brito chegar até ele, Teobaldo o surpreende e atira em sua testa. Brito cai no chão. Teobaldo pega o revólver dele e depois arrasta seu corpo para outro local.

Minutos depois, Mariana, empregada da mansão, entra na casa da piscina com algumas toalhas. Depois de guardá-las em um armário, a mulher se assusta ao deparar com a cena do assassinato.

FIM









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