sábado, 20 de dezembro de 2014

Episódio 2: Socorro

Cena 01. Quarto de Difuntina. Interior, noite.
Socorro entra em silêncio no enorme quarto. As luzes estão apagadas. Difuntina parece dormir. Quando Socorro parece sair, a mulher acorda.
DIFUNTINA - Socorro... Se aproxime, minha sobrinha.
SOCORRO - Titia... Eu acho que já é tarde demais/
DIFUNTINA - Se aproxima logo, mocoronga. Quero falar com você.
SOCORRO - Deve ser. Acho que não me chamaria aqui a toa.
DIFUNTINA - Pra te ver sofrer sim.
SOCORRO - Velha demoníaca! Bruxa, velha/
DIFUNTINA - Socorro, eu sei que nós nunca nos demos muito bem, mas... Eu tenho uma coisa para te entregar. Ali no armário. Pegue.
Socorro abre o armário e tira de lá uma caixa preta. Leva até a idosa. Nesse momento Roslene abre uma fresta da porta e começa a ouvir tudo, atenta.
DIFUNTINA - (Ela abre. Um diamante rosa brilhante) É... É sua herança! Estou deixando para você! O diamante mais raro e valioso do planeta... (t) Fragile!
Continuação.
CAM foca na expressão de choque de Socorro e de Roslene.
SOCORRO - Como...?
DIFUNTINA - Minha sobrinha, você sabe que eu sou muito rica. Meus amantes sempre me cobriram de presentes e dinheiro. No meu último casamento eu herdei uma grande fortuna.
SOCORRO - Até faz sentido o apelido da senhora ser 'Garganta de veludo'...
DIFUNTINA - Como eu ia dizendo: Esse diamante é avaliado, atualmente, em cinco milhões de reais. Porém, quero que saiba que, para mim, tem enorme valor sentimental. Estive pensando, durante um longo tempo, pra quem o deixaria/
SOCORRO - E por que a senhora não o deu para Roslene?
DIFUNTINA - Eu até considerei em dar o diamante para a Roslene...
Roslene comemora silenciosa na porta.
DIFUNTINA - (Cont.) Mas eu percebi que ela é uma pessoa ambiciosa, dinheirista...
Roslene faz um expressão de choque. Socorro anda pelo quarto, se vira de costas para Difuntina e começa a falar. CAM foca em seu rosto, Difuntina sai de foco.
SOCORRO - Mas por que você está me dando isso hoje? Que eu sei você pode morrer amanhã ou... Ou não morrer!
Socorro se vira e vê que Difuntina está inconsciente.
SOCORRO - (Pega o diamante, coloca no bolso e olha em volta. Grita) A tia Difuntina virou defunta! Faleceu, virou presunto!
Roslene abre a porta e corre até a cama.
SOCORRO - Então quer dizer que você estava ouvindo nossa conversa, jararaca?
ROSLENE - Não é da sua conta, sua capiau... (Gritando) O que você fez com a minha tia?
SOCORRO - Sua tia uma pinóia, NOSSA tia! E eu não fiz nada, a velha desencarnou!
Difuntina começa a tossir e abre os olhos.
SOCORRO - Mas você não tinha morrido, velhota?
ROSLENE - Titiaaaaaa! Eu pensei que você estava morta!
DIFUNTINA - Podem ficar tranquilas, suas urubus fêmeas fedendo a carniça. Vai demorar muito pra eu morrer, viu? Ou não. Mas o que importa é que hoje eu estou viva e/
Socorro e Roslene pulam em cima da senhora e começam a beija-la loucamente. Difuntina contorce a mão, aparentemente sem ar. Quando as duas se levantam, a senhora está imóvel e com os olhos abertos.
SOCORRO e DIFUNTINA - (Juntas) Ela morreu!
DIFUNTINA - (Abrindo um olho) Morri não, desgraçadas. Foi apenas a minha labirintite.
SOCORRO - Pelo amor de deus, essa mulher está tirando sarro da minha cara!
ROSLENE - Da minha também! Te amo tia, mas ou vive ou morre. Se decida.
DIFUNTINA - Vocês querem se ver livres de mim... Vai demorar, e muito, pra eu morrer/
SOCORRO e ROSLENE - (Juntas) Mas vai!
Roslene e Socorro pegam um travesseiro e começam a sufocar a idosa. Depois de um tempo, tiram. Difuntina está morta.
SOCORRO - Titia morreu sublime, sem sofrer.
ROSLENE - Há de se analisar que morreu feito um anjo, nem sofreu.
Corta para:

Cena 02. Cemitério. Exterior, dia.
Estamos em um cemitério a céu aberto. Várias pessoas ajudam a carregar um caixão. Todos de preto. Roslene e Socorro andam na frente, ao lado de um homem que veste uma rouca de padre.
SOCORRO - (Baixo) Graças a deus essa velha... Velho... Que seja... Graças a deus morreu! Agora ficarei rica!
ROSLENE - O que você falou, sua cretina? Eu vou anunciar a deus e o mundo que você agradeceu a deus pela morte de titia!
SOCORRO - Não fale fatalidades, sua pobre idiota! (Sussurrando) Você me ajudou a sufocar a velha! E você nunca gostou dessa aberração!
ROSLENE - (Gritando) Escutem todos: A Socorro é uma desgraçada! Ela está feliz pela morte da minha tia!
Todos param em frente a um buraco aberto no chão, onde o caixão será jogado. Roslene começa a chorar e todos prestam atenção nas duas.
SOCORRO - Isso é uma blasfêmia! Eu amava a titia! (Drama, chorando) Eu não vou aguentar viver sem ela! (Se joga em cima do caixão, que cai) Me enterra, me leva junto! Eu não vou conseguir ficar longe da minha velhinha/
Uma mulher de óculos se envolve na conversa. Até então ela estava calada.
MULHER - Mas que teatrinho fuleiro esse, hein! Ninguém gostava desse ser ridículo!
SOCORRO - (Confusa) Escuta aqui, mas é você, hein? Se nunca gostou da titia por que está aqui?
MULHER - (Entrega um cartão) Sou Geiza, conselheira sentimental e faço figuração em enterro, prazer em conhecer. Sua tia me contratou pra chorar aqui... Aliás (Entrega cartões para todos os presentes) se precisarem do meu serviço podem ligar. Também atuo como macumbeira e trago o amor amado em/
ROSLENE - Chega, sua aberração! (Debochando) Geiza... Mas que nome mais ridículo esse seu! (Irônica) 'Oi, Socorro', 'Oi, Geiza'! Então, Geiza, meu amor, eu só não dou na sua cara e na cara dessa Socorro em respeito ao Padre Augusto!
O Padre observa a briga comendo uma rosquinha. Quando percebe que todos estão olhando-o, para. Ele é gordo.
PADRE - Rosleninha, meu amor... Minha filha, vai rolar um lanchinho na sua casa depois?
ROSLENE - Não preparei nada não, padre.
PADRE - Então pode ir pra puta que te pariu, sua mocoronga! Vai pro quinto dos infernos junto com essa travecona estupida!
SOCORRO - Mas que palhaçada! (Jogando as rosquinhas do padre) Hein, cachorro? Vai comer na casa da Geiza, no quinto dos infernos, vai, ridículo!
Socorro expulsa a mulher e o Padre.
PADRE - Vão para o inferno, todos vocês.
GEIZA - Se precisarem de mim podem ligar.
Os dois saem.
ROSLENE - Sua degenerada! Quem é que vai fazer a missa agora, hein?
SOCORRO - Mas não seja por isso: Eu faço!
ROSLENE - (Sussurrando) Mas como é que você vai fazer isso, sua imbecil?
SOCORRO - Eu improviso! Ah, eu devo ter na minha bolsa um livro de discursos lindo! Tem outro lá que é apropriadíssimo para esta situação!
ROSLENE - A gente podia chamar o padre da catedral de Rio Branco! Seria tão sofisticado!
SOCORRO - E perder nosso tempo? Os amigos da titia iriam embora. Ah, Roslene, cala a boca e ajuda. Você que está mais mal vestida aí, pega minha frasqueira, vai.
ROSLENE - (Pega a bolsa de Socorro) Toma!
SOCORRO - (Abre a bolsa, tira um livro e lê o título) Mil e umas maneiras de ser um travesti lindo de Celso Kamura! Apropriado!
ROSLENE - (Chocada) Você... Você não vai ler isso, vai?
SOCORRO - Claro que vou! É perfeito.
Socorro pede a atenção de todos, que já conversam.
SOCORRO - Atenção povão! Eu vou rezar a última missa da defunta e depois vocês podem ir pro raio que os parta. (Pigarreia) Primeiro ato: Rua Augusta é meu Vaticano! A sem-vergonhice é meu Latim! A Vera Verão é o meu Papa!
COVEIRO - (Indignado, interrompendo) Aonde diabos isso tem a ver com a missa?
SOCORRO - Não é da sua conta, favelado, magro, morto de fome. Vai comer uma mortadela, vai, palito de dentes. ENFIM... Tia Difuntina foi uma excelente travesti, amém!
ROSLENE - Pronto, cambada. Agora vocês já podem ir embora! Vão arrumar um trouxa pra vocês lavarem, uma unha pra cortar e um pé cabeludo pra depilar!
Todos saem. O coveiro enterra o caixão no buraco, Roslene e Socorro saem.
Corta para:

Cena 03. Cemitério. Exterior, fim de tarde.
Roslene e Socorro caminham em direção ao por do sol. As duas caladas, Roslene puxa assunto.
ROSLENE - Socorro, o que você pretende fazer de agora em diante? A tia morreu e/
SOCORRO - E daí que morreu? Eu e a Titia nunca fomos próximas. Nunca.
ROSLENE - Mas foi pra você que ela deixou o diamante.
SOCORRO - Eu esqueci que você ouviu nossa conversa... Mas você também é uma cadela, hein!
ROSLENE - Me respeita, seu abutre mau lavado! Responda minha pergunta! Você vai voltar pra São Paulo?
SOCORRO - Mas é claro que sim. Vou comprar uma mansão enorme!
ROSLENE - Para isso você... Vai vender o diamante?
SOCORRO - Óbvio. Você não quer que eu enfie ele no meu/
ROSLENE - Vende pra mim, Socorro! Pelo amor de Santa Terezinha, vende esse diamante pra mim! Como a titia disse, ele teve muito valor sentimental pra ela... vai ter pra mim também!
SOCORRO - Faça-me rir, Roslene. Com que dinheiro?
ROSLENE - Ah, então você não sabe? A Titia fez um testamente. Provavelmente toda a fortuna será dividida entre nós duas.
SOCORRO - (Surpresa) E... Quando sai esse tal testamento?
ROSLENE - Hoje a noite. Meu deus, Socorro, você não sabia?
SOCORRO - Não, e nem vou chegar atrasada. Obrigada por informar.
Socorro começa a correr. Roslene corre atrás. Na correria as duas tropeçam e caem no chão. Começam a se estapear.
SOCORRO - (Batendo e apanhando) Socorro! Sai de cima de mim, sua jararaca gorda e feia!
ROSLENE - (Batendo e apanhando) Sai você abutre mau lavada!
As duas continuam a se bater. Chega um rapaz com uma toca na cabeça e com uma arma.
ASSALTANTE - Eu 'vô' tá requisitando que as 'madama' ficam 'pianinho' aí!
SOCORRO - Mas meu senhor! (Tira dinheiro da bolsa) O senhor pode levar! Eu o entrego e bom grado! Leve, mas deixe EU ir embora, por favor!
ROSLENE - (Tirando dinheiro do sutiã) Eu também tenho bastante grana! Leva, mas me solta, pelo amor de deus!
ASSALTANTE - E quem disse que eu vou tá querendo só grana? (Malicioso) Duas mulheres gostosas como vocês podem oferecer muito mais que isso!
SOCORRO - Eu sou travesti.
ROSLENE - E eu hermafrodita.
ASSALTANTE - (Assanhado) É sempre bom inovar...
Socorro e Roslene fazem uma expressão de medo.
Corta para:

Cena 04. Tribunal, leitura do testamento. Interior, noite.
Uma mesa e algumas cadeiras são o foco da câmera. Um homem com folhas de papel na mão está impaciente. Outro está de pé, também ansioso.
HOMEM 1 - Doutor Izidório, podemos começar? Não tenho todo o tempo do mundo não!
IZIDÓRIO - Impossível começarmos sem a chegada de pelo menos uma das beneficiadas com o testamento do senhor Defuntino dos Mortos Fernandes.
Chegam Socorro e Roslene, afobadas. Roslene veste só um calção de bolinhas vermelhas e uma blusa branca. Socorro veste apenas uma lingerie preta.
HOMEM 1 - Mas o que é isso? Alguma brincadeira?
SOCORRO - Senhor, deixe-nos ouvir a declaração do testamento de titia... Ela acaba de ser enterrada e ainda fomos assaltadas! Por pouco conseguimos fugir!
ROSLENE - Por pouco o cacete. Foi por muito. Digamos que o assaltante pediu... (Constrangida) Alguns serviços particulares para deixar-nos sair.
IZIDÓRIO - Imagino, imagino.
HOMEM 1 - Bom, independente das vestimentas de ambas as senhoras, nós precisamos começar. Posso ler?
TODOS - (Menos o Homem 1) Começa!
fO homem 1 começa a ler, mas a voz se mescla com a de Difuntina. A partir de dado momento, só ouvimos a voz de Difuntina, em off.
HOMEM 1 - (Lendo) 'Se vocês estão lendo isso agora...'
DIFUNTINA - (Voz em of.) '...É porque eu morri. Mas calma, não se assustem. A morte é um processo natural. Sempre tive o costume de dizer que a morte faz parte da vida. E é a verdade. Passo agora a viver, viver na morte. Nos braços do silêncio descansarei.
É claro que a vida de vocês continua. Então eu decidi melhora-las. Durante minha vida sempre acumulei fortunas, ganhadas de modos que não interessam a ninguém.
Nunca tive filhos. Mas tenho duas pessoas que, pelo menos durante um tempo, considerei parte de mim: Minhas sobrinhas, Socorro e Roslene.
Deixo para as duas toda a minha fortuna, avaliada em dez milhões de reais. O meu desejo é que cada uma fique com quatro milhões. Os outros dois deve ser instantaneamente doado a uma instituição de caridade.
A minha casa pode ser vendida, e o dinheiro dividido entre as duas.
Parto no silêncio, silêncio quem sempre me acolheu- Até em vida.'
A câmera mostra Socorro e Roslene chorando.
Corta para:

Cena 05. Casa de Difuntina/Quarto de Socorro. Interior, dia.
Estamos num grande quarto para visitas. Socorro arruma uma mala. Entra Roslene.
ROSLENE - Então você volta hoje?
SOCORRO - Não resta mais nada pra mim fazer aqui.
ROSLENE - E... Você pensou na minha proposta?
SOCORRO - (Irritada) Eu já disse quinhentas vezes que eu não sou sapatão, sua galinha de macumba amarela!
ROSLENE - Sua anta, eu tô falando da proposta de me vender o diamante! Sua mula.
SOCORRO - Claro, Rô. Cinco milhões, como a tia falou que valia.
ROSLENE - Mas... Você... Você sabe... Eu ganhei quatro, e não cinco, milhões!
SOCORRO - O problema é seu. Então fico eu com o diamante.
CAM foca na expressão de ódio de Roslene.
ROSLENE - Então vá chupar um/
SOCORRO - Picolé. Eu vou chupar um picolé, com certeza.
Corta para:

Cena 06. Casa de Socorro, São Paulo. Interior, dia.
Estamos na casa de Socorro, apresentada no capítulo anterior. Surge um letreiro: São Paulo. A casa está mais bagunçada do que antes. Toca o funk: Hoje/Mc Ludmilla, no rádio, alto. Raimunda desce até o chão ao som da música. Chega Astrogildo, que desliga o rádio.
RAIMUNDA - Ah, Astrogildo, estragou a minha performance!
ASTROGILDO - Performance só na minha cama, cachorra.
RAIMUNDA - (Assanhada) Então vamos, meu 40cm do subúrbio!
ASTROGILDO - Não... A Socorro tá voltando... Ela falou que em uma semana ela estava aqui... E se ela chegar de surpresa?
RAIMUNDA - Jura que você se importa com essa paçoquita de gaveta? Meu amor, vai pra minha casa que eu te sustento! Ainda faço chá de calcinha.
ASTROGILDO - Raimunda, cara de bunda, eu já estou decidido: Sairei da casa da Socorro, assim que ela retornar. Serei seu negão até o fim dos dias.
Os dois se beijam e rolam no sofá.
Corta para:

Cena 06. Aeroporto. Exterior, dia.
Um taxi chega no aeroporto, um lugar enorme. Descem Socorro e Roslene. Um homem carrega as malas de Socorro, que está apressada.
ROSLENE - (Andando atrás de Socorro) Socorro... Por favor, Socorro! Esse diamaante não tem pra você o valor sentimental que tem pra mim! Socorro/
SOCORRO - (Gritando) Cala a boca! Sua energúmena, eu vou ficar com o diamante pra mim, simples. Além do que eu já estou rica mesmo. Pra que vou querer mais?
ROSLENE - Pois é, pra que você vai querer mais ESSE DIAMANTE? Por favor, Sô!
SOCORRO - (Irônica) Não, Rô... Agora me dá licença que meu voo é as três. Já são duas e meia, não quero me atrasar.
Socorro entra dentro do aeroporto. O homem a segue e vemos em Roslene uma expressão de ódio, jamais vista.
Corta para:

Cena 07. Avião. Interior, dia.
Socorro está sentada em uma poltrona, desconfortável. Uma aeromoça chega.
AEROMOÇA - A senhora já voou antes?
SOCORRO - É a minha primeira vez, mocinha.
AEROMOÇA - Garanto que gostará dos serviços prestados pela nossa companhia.
SOCORRO - Vem cá, menina: Quem vai sentar aqui do lado?
AEROMOÇA - Infelizmente eu não sei, senhora. Mas logo a pessoa chega, o voo parte em quinze minutos. Agora se me dá licença...
A aeromoça sai. Chega um homem gordo.
HOMEM - Oi, gata.
SOCORRO - Eu sabia. Mas eu sabia! Que inferno. Um gordo, tinha que ser. Não podia ser um bombado, gostoso? Não, veio uma rolha de poço. Olha, meu senhor, já quero lhe alertar: Não mecha comigo. Eu meto a mão na sua cara, eu te jogo pra fora desse avião! Agora eu sou rica! (Gritando) Eu sou ricaaaaaaa! Faço cosplay de Carolina Ferraz se eu quiser!
Socorro fecha os olhos e a CAM foca na expressão do homem, confusa.
HOMEM - Eu, hein. Só queria pedir pra ir na janela. Se eu vomitar nessa mulher a culpa é dela.
Corta para:

Cena 08. Aeroporto do Acre. Interior, dia.
Roslene observa o avião, que arranca voo. A expressão dela é de ódio. 
ROSLENE - Não vai ficar assim. 
Ela caminha até a recepção e entra em uma enorme fila. Começa a aguardar.
ROSLENE - (Cantando) Com o seu jeitinho, gordo, gordo, gordo... Com o seu jeitinho, sexy, sexy... (Para de cantar) E essa fila que não anda, gente?
ATENDENTE - (Sem paciência) Próximo!
ROSLENE - (A atendente) Oi gata, tá joia? Então, eu queria saber quanto custa uma passagem para São Paulo, para amanhã? Primeira classe.
ATENDENTE - (Irônica, rindo) Primeira classe? Meu amor, com essa cara de favelada do subúrbio, cê vai pagar como? (Gargalha alto, assustando Roslene)
ROSLENE - (Nervosa) Eu tenho dinheiro, sua anta com problema digestivo!
ATENDENTE - Tendo ou não tendo dinheiro, a senhora não vai viajar na primeira classe, porque está esta lotada. Só teremos na classe econômica, quinhentos reais.
ROSLENE - Eu quero.
A atendente sai em busca de algo. Roslene fica só.
ROSLENE - Socorro, Socorro... Me aguarde, minha prima! Esse diamante vai ser meu. Nem que pra isso... Nem que pra isso sangue tenha que rolar!
A atendente volta.
ATENDENTE - Está aqui! Obrigada por piajar com a Amazon Air. Nós agradecemos!
CAM frisa a expressão vitoriosa de Roslene, que começa a rir.

A Imagem congela, vira um diamante e derrete.

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