sábado, 27 de dezembro de 2014

Episódio 6: Orações para Bobby

No Episódio Anterior...
Mary: Bobby, já não basta você andar sabe lá Deus com quem, você ainda trás estes desviados na minha casa.

Robert: Acho que você está sufocando o garoto.
Mary: Se você não tem força suficiente para lidar com isso então pelo menos não me recrimine.

Bobby (indo ao encontro de Jeanette): Eu não acredito.
Jeanette (abrindo os braços): Que lindo!

Mary: A bíblia trata a homossexualidade como um pecado e isso não pode ser deturpado.
Jeanette: Eu particularmente acho que todos deveriam amar quem elas bem quisessem.

Bobby: Eles não conseguem amar um filho pecador.
Jeanette: Eles deveriam amar o filho independentemente do pecado. Vê se pensa na minha proposta de ir a Portland. Você vai amar.

Jeanette: David?
David (surpreso): Jeanette?
Jeanette: Este aqui é o meu primo, Bobby.

David: A Jeanette me disse que os seus pais estão querendo te curar da homossexualidade.
Bobby: Sim. Eles não aceitam muito.
David: Apenas não pare de tentar.

David beija Bobby.
David: Não importa o que aconteça, não tenha medo de enfrenta-la.

...
Episódio – O MERGULHO

Cena 01 – Portland/Ponte/Noite
Bobby caminha sobre a ponte. Estava chorando. Ele para no meio e começa a olhar os carros passando em baixo. Lentamente ele sobe sobre a proteção e fica em pé. Bobby vira de costas e abre os braços.

                              Dias antes...

Cena 02 – Casa dos Griffith/Frent/Noite
Bobby aperta a campainha. Robert abre a porta.
Robert (feliz): Mas que surpresa boa.
Bobby (abraçando Robert): Olá, pai.
Robert: Chegou bem na hora do jantar. Hoje temos pizza. Entre.

Cena 03 – Casa dos Griffith/Sala de Visita/Noite

Estavam reunidos, Robert, Mary, Ed, Joy, Nancy e Bobby. Sentados e comendo fatias de pizza.
Joy: Então você aproveitou bem as suas férias.
Bobby: E muito. Portland é um lugar incrível. Estou pensando em mudar para lá ano que vem.
Mary (surpresa): Mudar?
Bobby (sem jeito): É. Eu conheci uma pessoa.
Nancy: Uuuuhhh!
Bobby (sem jeito): Um cara.
Mary (levantando e recolhendo os pratos): Muito bem meninas, me ajudem com isso.
Mary sai da sala.
Robert: Bobby, talvez não tenha sido uma boa hora.
Bobby (levantando): Eu sei. Me desculpa.
Bobby sai da sala.
Nancy: Devemos fazer de conta que não ouvimos isso?
Joy (séria): Sim.

Cena 04 – Casa dos Griffith/Cozinha/Noite

Mary estava lavando a louça. Bobby entra na cozinha.
Bobby: Mãe.
Mary: Deveria terminar os estudos. É bom tirar um tempo para descansar, mas depois devemos retomar os nossos deveres.
Bobby: Você ouviu o que eu disse?
Mary: Ouvi sim, mas prefiro não falar sobre isso.
Bobby: EU passei os últimos dois anos ouvindo você e você vai me ouvir agora.
Mary: Nós sempre começamos isso e se não vamos chegar a lugar nenhum é melhor nem falar.
Bobby: O nome dele é David...
Mary: EU já disse que não quero saber de nada.
Bobby (bravo): Mais eu quero que você saiba.
Mary (séria): Estou falando sério, Bobby.
Bobby: Ele é tão bom e gentil. Quando estou com ele eu me sinto tão bem. Mas quando ele me abraça ou me beija em público, eu me afasto. EU sinto vergonha.
Mary: Porque você sabe que é errado.
Bobby: Porque você me disse que é errado.
Mary: Não sou eu, é a bíblia.
Bobby: Não é a bíblia. É você. Porque não admite que não aceita o jeito que eu sou.
Mary: O que você se tornou.
Bobby (alterando a voz): É o que eu sou. Eu sinto muito se não sou o Bobby perfeito que você sempre sonhou, mãe. Mas não posso continuar pedindo desculpas por isso. Me aceita como eu sou ou me esqueça.
Um breve pausa.
Mary (séria): Eu não vou ter um filho gay.
Bobby (chorando): Então você não tem um filho mãe.
Mary (segurando as lágrimas): Ótimo.
Bobby sai da cozinha.

Cena 05 – Casa dos Griffith/Frente/Noite

Bobby senta em um banco, chorando. Joy se aproxima e senta ao lado dele.
Joy: Você realmente achou que ela teria mudado?
Bobby: Ela disse mesmo aquilo?
Joy: Olha, Bobby. Eu não conheço esse cara, mas ele deve ser uma pessoa legal. Só que vai ser uma vida vazia. Vocês nunca serão bem vindos nesta casa, nem no natal, dia de ação de graças ou ano novo. Não importa o que aconteça, ela nunca vai mudar.
Joy abraça Bobby.

Cena 06 – Casa dos Griffith/Frente/Dia

Robert, Joy, Ed e Nancy estavam se despedindo de Bobby. Mary observava tudo escondida atrás da cortina da janela. Bobby olha para a janela.
Robert: Não se preocupe. Ela vai ficar bem.
Bobby (entregando algo para Ed): Toma. É para você.
Ed (surpreso): Uau! É uma calça de paraquedas. Legal. (Ed abraça Bobby) Se cuida lá.
Bobby (olhando para Joy): Te mando meu primeiro romance quando terminar de escrever.
Joy (abraçando Bobby): Acho bom.
Nancy: Se cuida, cabeção.
Bobby aperta as bochechas de Nancy e abraça ela. Boby olha para Robert.
Robert (de braços cruzados): Dirija com cuidado.
Bobby: Tudo bem.
Bobby entra no carro e sai. Mary chora ao ver ele partindo.

Cena 07 – Portland/Apartamento de Jeanette/Noite

Jeanette abre a porta.
Jeanette (abraçando Bobby): Eu sinto muito.

Cena 08 – Casa dos Griffith/Quarto de Mary/Noite

Mary está deitada em sua cama abraçada a uma foto de Bobby. Estava escuro.

Cena 09 – Portland/Asilo/Dia

Bobby estava trabalhando em um asilo. Cuidava de idosos. Empurrava cadeiras de rodas e fazias outras atividades.

Cena 10 – Casa dos Griffith/Cozinha/Dia

Mary estava preparando o jantar. A televisão estava ligada no noticiário.
Repórter (TV): Uma nova doença está assustando os moradores dos Estados Unidos. Chamada de AIDS, a doença parece estar concentrada na comunidade homossexual. (Mary começa a observar a TV) Por isso, a AIDS já é conhecida como a doença dos gays.

Cena 11 – Portland/Apartamento de Jeanette/Sala

Dia do Aniversário de Bobby. Bobby estava sentado à mesa. Jeanette se aproxima com uma caixa.
Jeanette (entregando a caixa): Acabou de chegar. É de Walnut Creeck.
Bobby (olhando o endereço): É da minha mãe.
Jeanette: Nossa! Sua mãe te mandou um presente.
Bobby (abrindo a caixa): Estranho mesmo. Bom, vamos ver.
Jeanette: Fiquei curiosa agora.
Dentro da caixa havia um suéter e um folheto.
Bobby: Nenhum cartão, um suéter e um folheto: AIDS, a ira de Deus.
Jeanette (decepcionada): Acho que não poderíamos esperar nada de diferente vindo da tia Mary.
Bobby (triste): É estranho, porque os aniversários sempre foram datas importantes para nós. Agora não existe mais nós.
Ouve-se o som de uma buzina.
Bobby (olhando pela janela): O David veio me buscar.
Jeanette (virando o rosto para Bobby dar um beijo): Divirta-se com a família do David.

Cena 12 – Frente da casa de David/Carro/Dia

David desliga o carro. Bobby olha para a casa.
Bobby: Será que os seus pais vão gostar de mim?
David (passando a mão em seu rosto): Claro. Eles vão adorar você.
Bobby: Assim espero.
David (tirando o cinto de segurança): Vamos lá.

Cena 13 – Casa de David/Sala de Jantar/Dia

Bobby estava sentado ao lado de David. A mãe de David, Elisabeth, e o pai dele, Kevin, estavam sentados do outro lado da mesa.
David (rindo): Não acredito que você contou essa história para o Bobby.
Kevin (rindo): Mas é claro. E eu tenho muito mais de onde veio esta. Você quer ouvir, Bobby?
David: Por favor, diga que não.
Bobby (rindo): Acho melhor não.
Elisabeth: E então Bobby. O David nos disse que seus pais são de Walnut Creeck. Você cresceu lá?
Bobby: Ah, sim. Passei boa parte da minha vida por lá.
Elisabeth: E como os seus pais lidam com o fato de você ser homossexual?
Bobby (sem jeito): Bem. Eles não reagiram muito bem ao saber.
Elisabeth: Entendo. É difícil no começo, mas depois eles vão acabar aceitando. Você me parece ser um garoto muito bom.
Bobby: É.
Kevin (erguendo o copo): Eu proponho um brinde. A saúde.
Todos (erguendo os copos): Saúde.

Cena 14 – Portland/Asilo de Portland/Sala de Bobby/Noite

Bobby fica perturbado. Ele chora. Bobby pega seu diário e começa a escrever...

“Querido Deus: você está aí? Eu pergunto por que eu realmente não sei... Às vezes, estou muito machucado, e eu estou com medo e sozinho. Eu me pergunto por que você ou alguém que não ajuda. Estou tão louco e frustrado, me parece estar no fim da estrada. Por que você permanecer em silêncio?”

Bobby liga para David. A ligação cai na secretária eletrônica.
Secretária eletrônica: Olá, é o David. Se estiver ouvindo isso é porque não estou, então já sabe o que fazer depois do bipe... [Som:BIP]
Bobby (triste): David? Você está aí? Eu só quero conversar um pouco. Me liga quando ouvir essa mensagem.

Cena 15 – Casa dos Griffith/Quarto de Mary/Noite

Mary estava rezando, sentada em sua cama.
Mary (com as mãos juntas e olhos fechados): Querido Deus, continua e condenar o pecado no coração de Bobby. Faça com que ele consiga se livrar desse caminho de perdição.

Cena 16 – Portland/Rua/Noite

Bobby estava dentro de seu carro dirigindo. Estava chorando. Ele passa em frente a uma boate e vê David saindo de dentro com um rapaz. Estavam alegres. Bobby sente uma angústia e intensifica seu choro.

Cena 17 – Casa dos Griffith/Quarto de Mary/Noite

Mary continua rezando.
Mary: Faça com que Bobby encontre o caminho de volta para casa. Não deixe que ele permita o pecado em sua vida. Acredito em seu poder e sei que irá afastar o meu filho desse caminho repugnante.

Cena 18 – Portland/Asilo de Portland/Interior/Noite

Bobby sai de sua sala e fecha a porta. Ele começa a caminhar e para. Ele volta até a porta e coloca sua chave sobre uma mesa. Em seguida ele vai embora.

Cena 19 – Portland/Ponte/Noite

Bobby Para seu carro. Ele sai de dentro e começa a caminhar. Estava chorando. Em sua cabeça vinham pensamentos de tudo o que lhe acontecera nos últimos anos.

Ed: Você tomou isso? Responde.
Joy: Será uma vida solitária. Vocês jamais seriam aceitos aqui em casa.
Owens: O poder da oração é a chave para nossa libertação.
Michelle: EU fiz algo de errado?

Bobby para no meio da ponte e observa os carros passando em baixo. Ele sobe na proteção e fica em pé, virando de costas para a rodovia em baixo.

Mary: Isso é pecado.
Robert: Às vezes precisamos tomar decisões.
Joy: Não importa o que você faça ela nunca vai mudar.

Bobby Abre os braços.

Mary: Eu não vou ter um filho gay.

Bobby, chorando, suspira profundamente e se joga da ponte.




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