sábado, 27 de dezembro de 2014

Episódio 7: Orações para Bobby

No Episódio Anterior...
Bobby: Portland é um lugar incrível. Estou pensando em mudar para lá ano que vem. Eu conheci uma pessoa. Um cara.

Mary: É bom tirar um tempo para descansar, mas depois devemos retomar os nossos deveres.
Bobby: Eu passei os últimos dois anos ouvindo você e você vai me ouvir agora. Porque não admite que não aceita o jeito que eu sou. Me aceita como eu sou ou me esqueça.
Mary (séria): Eu não vou ter um filho gay.

Joy: Ele deve ser uma pessoa legal. Só que vai ser uma vida vazia. Vocês nunca serão bem vindos nesta casa. Ela nunca vai mudar.

Robert (de braços cruzados): Dirija com cuidado.
Bobby: Tudo bem.

Bobby (triste): Os aniversários sempre foram datas importantes para nós. Agora não existe mais nós.

Bobby: Será que os seus pais vão gostar de mim?
David (passando a mão em seu rosto): Claro. Eles vão adorar você.

Mary (com as mãos juntas e olhos fechados): Querido Deus, continua e condenar o pecado no coração de Bobby.

Bobby Para seu carro. Ele sai de dentro e começa a caminhar. Estava chorando. Ele sobe na proteção e fica em pé, virando de costas para a rodovia em baixo. Bobby Abre os braços e se joga da ponte.

...
Episódio – RESPOSTAS
Cena 01 – Casa dos Griffith/Sala/Dia
Joy e Nancy estavam se preparando para sair. O telefone toca. Joy atende. Do outro lado da linha era Jeanette.
Joy: Oi Jeanette. O que houve?
Joy (abalada): Não! Não pode ser.
Nancy (preocupada): O que houve?
Joy (chorando): Nancy sai daqui. (gritos) Pai! Paiiii...
Robert (assustado): O que houve?
Robert pega o telefone.
Robert: Alô! (confuso) Acalme-se Jeanette, não consegui entender nada. O que aconteceu?

Cena 02 – Trabalho de Mary/Interior/Dia

Mary estava olhando alguns papéis e tomando um café. Uma de suas colegas aparece.
Colega: Mary? Estão te chamando lá na frente e pediram para que você levasse a sua bolsa.
Mary (espantada0): Deve ser as crianças querendo dinheiro. (levantando e pegando a bolsa) Bem. Eu preciso mesmo de um intervalo.
Mary caminha em direção a entrada enquanto confere o dinheiro em sua bolsa. Mary vê Robert andando de um lado para o outro.
Mary (curiosa): Robert? O que houve?
Robert (abalado): O Bobby... O Bobby se matou.
Mary (surpresa): O quê?
Robert: Ele pulou de uma ponte, Mary. Ele se foi.
Mary agarra na grade que dividia os dois.
Mary (aflita): Socorro! Alguém me ajude. Eu preciso sair. O meu filho morreu... O Meu filho morreu.
Todos em volta dela ficam abalados com a cena.

Cena 03 – Colégio de Wanult Creeck/Ginásio/Dia

Ed estava no telefone conversando com Joy.
Ed: Calma Joy. Eu não consegui entender. O que aconteceu?
Ed sente um baque ao ouvir a notícia da morte de Bobby. Ele solta o telefone e sai caminhando. Ed começa a correr pelo campo de futebol do colégio, gritando. Ele arremessa o seu capacete contra o chão e cai de joelhos, chorando.

Cena 04 – Casa dos Griffith/Quarto de Mary/Dia

Mary e Robert estavam se arrumando para o funeral de Bobby. Mary se aproxima de Robert e o ajuda a amarrar a gravata. Eles se abraçam e choram juntos.

Cena 05 – Igreja Cristã/Interior/Dia chuvoso

A igreja estava cheia de parentes e amigos. Robert, Mary, Joy, Ed, Nancy e Ophélia. Jeanette e David também estavam presentes. O caixão de Bobby estava e frente ao altar, próximo a algumas coroas de flores e uma foto dele. O Reverendo Owens estava fazendo o sermão.
Reverendo Owens: A morte de um ente querido é sempre uma grande perda. Ainda mais quando se trata de uma pessoa tão jovem e cheia de vida. Bobby só tinha 20 anos de idade. Jamais poderá saber o que ele poderia ter sido. Bobby era um bom rapaz, mas ele estava perdido. Caiu em tentação. Ele fugiu. Depois, na desilusão, ele escolheu dar fim a vida. No entanto devemos condenar o pecado, não o pecador, foi a este pecado que Bobby sucumbiu. E isso o levou à infelicidade. E o levou a tomar a sua própria vida. Como a bondade gera a bondade, o pecado gera o pecado.
David (indignado falando para Jeanette): Será que eles ficam bem com isso?

Cena 06 – Igreja Cristã/Interior/Dia chuvoso

Após o funeral de Bobby, Mary e Robert se aproximam do caixão de Bobby e colocam uma rosa sobre ele. Todos começam a se retirar da igreja. David se aproxima do caixão de Bobby. Ele coloca sua mão sobre o caixão e beija.
David (lágrima nos olhos): Descanse em paz, Bobby.

Cena 07 – Casa dos Griffith/Interior/Cozinha/Dia

Mary estava preparando alguns sanduiches para as pessoas que foram ao velório de Bobby. Ela estava abatida. Ophélia, sua mãe, entra com uma bandeja na mão.
Mary (atordoada): Mãe? A senhora acha que o Bobby se salvou?
Ophélia (rude): Eu não sei Mary. Os sanduiches acabaram.
Mary: Quer dizer. Suicídio é um pecado e Bobby pecou, mas o coração dele era puro. Será que isso não basta para que ele vá para o céu?
Ophélia (impaciente): Olha Mary, eu não sei. Agora trate de se recompor, porque as pessoas já estão desconfortáveis demais.
Ophélia sai.

Cena 08 – Casa dos Griffith/Interior/Sala/Dia

David e Jeanette estavam observando Mary e Robert. David estava segurando um prato. Ele decide se apresentar para Mary e Robert.
David (estendendo a mão): Senhor e Senhora Griffith. É um prazer conhece-los. Eu sou o David. Eu era o namorado do Bobby.
Mary fixa seu olhar para David. Lentamente e muito relutante, ela aperta a mão de David.
David (com lágrimas nos olhos): Eu sinto muito. Bobby era um garoto incrível.
Mary olha para baixo e segura o choro. David coloca o prato sobre uma mesinha e se afasta. Jeanette abraça ele. Mary pega o prato e sai.

Cena 09 – Casa dos Griffith/Interior/Cozinha/Dia
  
Mary caminha em direção à lixeira e joga o prato e os talheres que David usou, dentro. Em seguida, ela vai até a pia e começa a lavar a mão que utilizou para cumprimentar David. Jeanette aparece.
Jeanette: Tia Mary. O David é um bom rapaz. Todos os amigos de Bobby são.
Mary: Quando o Bobby estava aqui em casa, sob o nosso controle ele estava bem. Mas foi só se mudar para Portland e alguém começou a encher a cabeça dele de coisas.
Jeanette: Isso não é verdade, tia Mary. O David gostava do Bobby
Mary: Éramos a família dele. Sabíamos como ajuda-lo. Ele queria mudar. Estava mais perto de Deus.
Jeanette: Estava mais perto de você...
Mary (brava): Estava nada. Entrou nesse estilo de vida e depois não pode mais sair.
Uma breve pausa.
Jeanette: Acredita em tudo o que dizem na igreja? Eu sei que Você e o tio Bobby acreditam, mas aquele sermão...
Mary: O Bobby sabia a repercussão do estilo de vida homossexual...
Jeanette (indignada): O Bobby era bom e decente e gentil. Alguém que nem ao menos conhecia o Bobby estava lá parado condenando o Bobby e vocês deixaram. O Bobby fez o que pode para ser aceito por você. Ele era tão bom, inteligente e divertido. Ele deveria ser glorificado. É uma pena que não tenha visto dessa maneira.
Mary (séria): É melhor você ir embora.
Jeanette (séria): Tá. Vou deixar as coisas do Bobby no quarto dele.
Jeanette se retira. Mary junta suas mãos e começa a chorar.

Cena 10 – Casa dos Griffith/Cozinha/Dia

Mary estava preparando um sanduiche. Ela se vira para pegar algo e se assusta ao ver Bobby em pé, na sua frente.
Mary (abraçando Bobby): Bobby. Eu sabia que não era verdade. Eu sabia que Deus ia te trazer de volta. Nunca mais faz isso comigo.
Bobby (rindo): Mãe! Você se preocupa demais.
Mary acorda... Era só um sonho.

Cena 11 – Casa dos Griffith/Quarto de Bobby/Noite

Mary entra lentamente. Ela abre a caixa que Jeanette deixou com as coisas do Bobby e encontra o seu diário. Ela abre e começa a ler...

“Por vezes sofro tanto... Estou assustado e sozinho. Estou condenado. Estou afundar-me lentamente num vasto lago de areia movediça. Um poço em fundo. Quem me dera poder rastejar para baixo de uma pedra e dormir para sempre.” – Diário de Bobby.

“Ninguém nesta casa consegue aceitar o meu lado da história. Posso sentir os olhos de Deus olhando para mim com pena. Não posso deixar ninguém descobrir que não sou hétero. Seria tão humilhante... Os meus amigos iriam odiar-me. A minha família... Mãe. Já os ouvi demais. Disseram que odeiam os gays. E que até Deus odeia os gays. Assusta-me mesmo quando falam assim, porque agora estão a falar sobre mim. Eu não quero escolher o pecado. Não quero. Estou tão irritado e frustrado com Deus... Parece que estou no fim do caminho... Porque continua em silêncio, Deus?". Diário de Bobby.

Cena 12 – Trabalho de Mary/Dia

Mary continuava lendo o diário de Bobby...

“30 de Maio – Churrasco do dia do memorial. Divertido. A mamãe brincou e estava alegre. Como a mamãe de sempre. Por um segundo parecia como nos velhos tempos. Ela ri de alguma coisa que eu disse. E eu vi nos olhos dela que por um segundo ela esqueceu o que ela realmente pensa de mim. A raiva nunca veio a tona. Essa natureza tímida nunca permitiu que uma tempestade enorme ocorresse. Mas está lá, no horizonte. Eu posso sentir os olhos de Deus me olhando e com pena de mim. Ele não pode me ajudar. Então foi por isso que eu escolhi deixar de ser virtuoso”. Diário de Bobby.

Mary entra no banheiro e abre a torneira, molhando seu rosto. Mary se senta no chão e começa a chorar. Estava arrasada.

Cena 13 - Casa dos Griffith/Sala/Noite

Estavam sentados no sofá, Mary, Robert, Ed, Joy e Nancy. No outro, estavam o reverendo Owens e o reverendo Phil.
Ed (levantando): Com licença.
Reverendo Phil: Você está bem, Ed?
Ed (irônico): Ah, sim. Estou. Acho que todos nós estamos.
Mary: Ed? Precisamos lidar com isso como uma família.
Ed: Essa era a sua resposta para o Bobby também e não funcionou mamãe.
Ed sai da sala.
Robert (levantando): Tudo bem. Eu cuido dele.
Robert vai atrás de Ed.
Joy (levantando e pegando a mão de Nancy): Vem, Nancy.

Cena 14 – Casa dos Griffith/Quintal/Noite.

Ed olha para o céu. Robert se aproxima dele.
Robert: Você quer dar uma volta? Tomar umas cervejas?
Ed (segurando o choro): Não!
Um breve silêncio.
Ed: Ele nem pensou no que isso faria com a gente. Ele podia ter ligado... Qualquer coisa. E não acabar com a gente assim.
Robert: Ed?
Ed: Sem nada. Sem adeus, sem bilhete... Sem nada.
Outro breve silêncio.
Ed (olhando para cima): Eu sinto muito, Bobby. Eu sinto muito. (chorando) Está feliz agora? (gritando) Eu sinto muito Bobby. Está feliz agora?
Robert: Ed? Não foi culpa sua.
Ed caminha até Robert e abraça ele.

Cena 15 – Casa dos Griffith/Sala/Noite

Mary continuava sentada no sofá em frente ao reverendo Phil e Owens.
Mary: Devem haver outros garotos como o Bobby lá fora. Jovens gays que devem estar pensando em tirar as suas vidas. A igreja tem acesso a eles?
Os reverendos ficam sem jeito.
Reverendo Phil: Existem outras igrejas que fazem isso.
Reverendo Owens: O reverendo Joseph mandou dizer a vocês que ele lamenta muito a perda que vocês tiveram. Nós podemos voltar em duas semanas e ver como está a sua família.
Mary (chorando): Vocês não entendem. Eu não sei o que fazer. Preciso estar em paz com isso e não consigo. O senhor diz que o impuro seja lançado no fogo do inferno. Bobby pecou, mas ele era puro de coração. Ele nunca fez mal a ninguém. Isso é o bastante? Não é?
Os reverendos ficam se olhando sem saber o que dizer.

Cena 16 – Casa dos Griffith/Quarto de Mary/Madrugada

Mary estava deitada na cama lendo o livro que Bobby havia lhe dado sobre homossexualidade. Robert fecha o livro e beija ela.
Mary (virando o rosto): Robert. Acho melhor não.
Robert (frustrado): Ok.
Mary volta a ler o livro. Robert se levanta e pega um travesseiro e o despertador.
Robert: Acho que vou dormir na sala hoje.
Robert sai. Mary muda a página do livro e deixa cair um marcador de páginas. Mary pega e descobre sobre a Igreja Metropolitana da Comunidade.

Cena 17 – Igreja Metropolitana/Interior/Dia

O reverendo Whitsell conversa com um jovem. Mary se aproxima.
Mary: Reverendo?
Whitsell: Pois não.
Mary (estendendo a mão): Meu nome é Mary Griffith.
Whitsell (apertando a mão de Mary): É um prazer conhece-la, Mary.
Mary: A bíblia diz que a homossexualidade é um pecado punido com morte. O que o senhor acha disso?
Whitsell: Bem, a bíblia também diz a mesma coisa sobre mulheres que não são mais virgens antes do casamento ou crianças que desobedecem os pais, e não interpretamos assim.
Mary: Mas em levítico, um homem se deitar com outro homem, ambos cometeram abominação.
Whitsell: E ela continua falando que também é abominação comer mariscos ou misturar tecidos. Na verdade essas interpretações são apenas reflexos do tempo em que foram escritas.
Mary: E o que você diz aos que frequentam a sua igreja? Os gays? Que tudo bem a homossexualidade?
Whitsell: EU apenas lhes digo o que eu penso. Que Deus os ama do jeito que eles são.
Mary: Não deveria ensinar esse tipo de coisa. Isso confunde mais a cabeça deles.
Whitsell: Olha senhora Griffith, se quiser passar essa semana aqui e conversar, as portas estarão abertas. Mas não para acusar. (virando as costas) Com sua licença.
Mary: Meu filho era gay.
Whitsell se vira para ela.
Mary: Ele se matou há semanas atrás. O senhor tem alguma interpretação para isso?
Whitesell (olhando a foto de Bobby): Eu sinto muito. Como era o nome dele?
Mary: Bobby.
Whitsell: Bobby. Eu lembro dele. Eu o vi aqui algumas vezes.
Mary (surpresa): Bobby? O meu Bobby?
Whitsell: Ele sempre se sentava no fundo.
Mary: Eu acho que Bobby não se sentia digno de ser aceito por Deus. E nós não o ajudamos.

Cena 18 – Casa dos Griffith/Sala de jantar/Dia de Natal

Mary organiza a mesa para o almoço. Ela coloca seis lugares, até perceber que estava incluindo o lugar de Bobby. Triste, ela retira um dos pratos.

Cena 19 – Casa dos Griffith/Sala de visita/Dia de Natal

Todos ajudam a enfeitar a árvore de natal.
Robert: Espero que funcionem. Isso aqui está tão velho quanto o cabelo do pai de vocês.
Todos dão risadas.
Joy: Ou como o cabelo da vovó.
Nancy (pegando uma foto de Bobby): Mãe, eu posso pendurar isso na árvore?
Mary (pegando a foto): Eu me lembro disso. Segunda série. Classe da professora Margareth. Ele ficou tão orgulhoso. Onde você quer colocar?
Nancy (pegando a foto e pendurando): Eu vou colocar bem no alto. Assim ele pode ver a gente.
Todos ficam tristes ao olhar para a foto. Robert liga as luzes da árvore.
Robert: Olha só. Funciona.
Joy: Eu vou ir ver os biscoitos.
Joy sai da sala.



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